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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cotoveladas em Veneza - e um Bardolino Superiore com russos

 
Continuando nosso roteiro de pique-niques pela Europa, (ver o blog Lago di Garda, meia ópera em Verona – e vinhos locais) em Milão pegamos um trem e fomos para Veneza, que ainda não conhecíamos. 


 
Veneza – ah! Veneza, você diria – estava lotada de turistas! Coisa de se acotovelar nos deques de embarque, fazer fila para comer um sanduíchezinho, fila para entrar em museus, fila para tirar fotos em qualquer lugar. Fizemos amizade com um casal de russos hospedados em nosso hotel – com quem dividimos um Bardolino Soperiore, um dos três DOCGs do Veneto no jantar - mas a dificuldade de comunicação não ajudou muito (eles não falavam inglês e meu russo estava desatualizado...) e por isto tivemos que nos virar lendo um guia comprado no Brasil e “seguindo o fluxo” dos turistas.


 
Ficamos num hotelzinho simpático – o San Moisé – em um quarto no segundo andar com uma janelinha charmosa que dava de frente para um canal gracioso. Por simpático quero dizer simples, bonito e econômico (375 Euros o casal, duas diárias – meu prezado, isto é econômico no verão veneziano!) a duas quadras de uma rua repleta de lojas de grife e a cinco quadras da gloriosa Piazza San Marco. 


 O único problema com o hotelzinho simpático é que durante o dia na frente do hotel se reuniam dezenas de camelôs africanos com enormes sacolas, provavelmente se escondendo da polícia da tal rua das lojas de grife, onde montavam suas barracas. E de manhã cedinho os românticos gondoleiros de Veneza se reuniam no tal canal de frente para a nossa janela – para fazer ruidosas faxinas nas gôndolas! Um charme! 

Mas a janelinha realmente vai ficar na nossa memória – na verdade, na memória de centenas de turistas, especialmente asiáticos, que passavam nas gôndolas e ao nos verem na charmosa janelinha, nos retratavam. Como eu posava para as fotos com um cálice de Bianco de Custoza na mão, acho que estou perpetuado em centenas de fotos de coreanos, japoneses e assemelhados!


 
Veneza é uma cidade realmente charmosa. Não vou enganar meu prezado leitor dizendo que visitamos dezenas de igrejas, palácios e museus, mas fizemos o obrigatório básico: a Praça de São Marcos, a Basílica, o Panteão de Veneza (aquela coluna com um leão), o Palácio dos Doges (Ducale), a Igreja de São Giovani. Tiramos fotos na Ponte dos Suspiros – suspirando para conseguir um pequeno espaço entre cotoveladas – e caminhamos ao longo do Grande Canal com suas lojinhas e pontes – especialmente a ponte Rialto. 


Não vimos os grandes mestres Tintoretto e Veronese, mas fizemos o glorioso passeio de barco no Grande Canal e fomos à tal da ilha Murano. Murano é interessante, sim, mas o turismo é baseado em 1) levar o turista para passar um dia inteiro; 2) levá-lo para visitar uma das inúmeras oficinas de fabricação de cristais (showzinho rápido, com um pouco de sorte você não paga para ver um cidadão assoprando um vidrinho derretido); e 3) fazer o turista gastar seu rico dinheirinho em lojas, dezenas, centenas de lojinhas de cristais de Murano e assemelhados. Minha mulher gostou muito, mas eu, sinceramente, teria ficado este dia em Veneza mesmo, talvez em uma fila para entrar no Museu dos Doges.


 
E não, não andamos de gôndola, porque 100 Euros para andar 15 minutos em canais com tráfego pesado com japoneses aboletados em barcos compridos, pilotados por displicentes ragazzi de camisas listradas, não estava em nossos planos (e orçamento) de turistas “em desenvolvimento”. Com este valor comprei 3 garrafas de Recioto de Siova, um DOCG muito agradável) que bebemos com prazer.

Mas foi uma visita maravilhosa, apesar de tudo isto. E continuaria em Milão, que você pode ver no blog “Fugindo do calor nas ruas de Milão“, em breve aqui mesmo. No próximo blog a gente continua. Por enquanto, um brinde, caro leitor. E antes que me esqueça: algumas das fotos desta série são de Marisa Boni Ruschel.





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